quinta-feira, novembro 24, 2011

Borboleta (Uma homenagem a Jadeanny Arruda)

E a coisa ficou séria. É, a coisa ficou realmente séria. Desculpe-me se o texto aparentar mais uma carta de desculpas que de parabéns - e eu sei que vai parecer - o importante é que você saiba que esse foi o modo que encontrei para me expressar profundamente, abrir meus sentimentos de verdade sabe? De modo a assumí-los incondicionalmente, de forma como você, alguma vez, possa ter sonhado.
Dia 23 de Novembro de 2011, hoje mãe comprou um exemplar do nosso livro e só o fui ler quando cheguei em casa. Tive o cuidado de lê-lo com carinho e cuidado, na sequência. Primeiro eu, depois nossa querida amiga, Huilana, e finalmente cheguei à sobremesa do nosso Cardápio Literário - há muito ansiava ler uma seleção de textos escolhidos a dedo por você - e admito que algumas coisas me vieram à cabeça...
Lembra da única vez que, de fato, brigamos e que você proferiu três frases? Delas, duas me magoaram de verdade, a terceira faço questão de mencionar: "acho que às vezes você imagina coisas e passa a acreditar nelas como verdade." E acho que essa possa ser verdade porque enquanto folheava os espinhos e lia as rosas, confesso que me enxerguei em certos cantinhos em branco, sim, as entrelinhas, tão valorizadas por nós que somos casados com a realidade e amantes da doce e tão amiga literatura.
E enquanto navegava por seu mundo - o que, aliás, foi muito prazeroso - me surgiu a pergunta "o quão impactante eu sou na vida das pessoas?" Fiquei perplexo por algum tempo, pausei a leitura algumas vezes para só depois me sentir inapropriado para qualquer um.
Porque não consigo entender como você me aguenta; Logo eu, que sou amigo às avessas, que só consigo estar presente nos momentos difíceis e de lágrimas, que quase nunca sorrio ou/e raramente estou bem-humorado e altamente pouco social.
Sei como te fiz confusa às vezes, sempre falando por metáforas. Como você nunca entendeu como um amigo às avessas podia te ler e revelar só com um olhar que embora vazio para si, está repleto de coisas para os outros. Mas o fato é que nem mesmo eu conheço a magnitude das mudanças que exerço nos outros, muito menos compreendo - ao menos por completo - como mudo os móveis de lugar sem andar pelos corredores, e talvez não seja eu, de fato, que o faça, mas saiba que me importo em deixar os ambientes sempre mais claros e iluminados.
De certa forma, é como se eu catalizasse a 'Mudança de Dentro' de uma forma misteriosa. Mas admitamos que você sempre soube do que meus olhos eram capazes de enxergar. Eu só vim conhecer os corredores, os seus corredores, com este palatável e ulterior livro que agora tenho em mãos.
Aliás, com ele descobri também como 'a tríade' me conhece bem, a ponto de conhecer dificuldades minhas das quais achei que ninguém fosse capaz de enxergar, tais quais a dificuldade de sentir os sentimentos e amar e jamais (aceitar) ser amado.
Assim sendo, nesta quente madrugada de quinta na qual escrevo este, me questiono mais uma vez se minha vida se faz de modificar a vida das pessoas de uma forma que nem mesmo eu saiba enquanto eu só amo e modifico, sabe-se lá quantos já não mudaram e amaram por minha causa e eu nem soube e jamais saberei.
Mas se lhe serve de consolo, não, você não me machuca mais, porém me pergunto se já não sou eu a te magoar, pois sei que minhas ausências são mais que dolorosas para você porque também sei que, em seu coração, ocupo um lugar de poucos privilegiados e especiais. Meus olhos nunca mentiram lembra?
Sendo assim, toda amiga minha deve sofrer antes de se tornar, realmente, minha amiga? Eu sou tão diferente assim, a ponto de tal sacrifício? Ter essa proximidade comigo é realmente tão divina e especial? Não sou merecedor de nenhum altar particular, já que tenho o péssimo hábito de aparecer na vida das pessoas quando tudo parece ir mal, não é proposital, eu juro. Sempre tenho as palavras olhos e rosto certo para as situações não é?
Parece que nem sempre meu jeito tenso e 'bem-humorado' consegue ocultar a profundidade que em mim habita.
Depois do dia em que brigamos minha boca se calou e meus olhos se fecharam, eu não podia te fazer ver a verdade, embora soubesse que um dia 'a tríade' a veria com olhos próprios, como aconteceu.
Naquelas época eu só tinha uma única regra para amizades: uma única chance para ser meu amigo(a) porque nela eu já irei dar tudo de mim. Naquele dia você deixou de ser minha amiga pois havia jogado essa sua chance fora... Eu e minhas leis próprias... Mas fico feliz em errar e dizer que a realidade agora é outra, como a senhorita bem sabe.
E graças a esse livro pude perceber tudo isso, que já se fazia realidade em meu cotidiano muito antes de o ler, acima disso enxergar o mundo através dos seus olhos, profundos demais para uma criança.
Descobri, de certa forma, o quanto que eu representava/represento para 'a tríade' com este livro, através de nossas palavras seladas em textos, e pergunto se poderei mostrar o mesmo para vocês com os meus. Se não, paciência, um dia eu chego lá e, honestamente, nunca fui tão íntimo em uma declaração como nesta e na que se segue, a qual dediquei ao nosso amigo Flawber, como havia te falado.
Em suma, acho que você é boa demais para mim, provavelmente todos vocês são. E eis meu maior presente: te fazer conhecer e ver melhor a mim e à meus sentimentos, como ninguém pôde antes através dessa carta, que mais se faz de uma chave.
Só não conseguir fazê-la menor. Tanto para ser dito não caberia em um simples "eu te amo."

Por fim felicidades, paz, muitos anos de vida e amor, tudo muito intensamente. Obrigado por abrir meus olhos, Jade, para um mundo mais doce.
De seu amigo e companheiro de escola, literatura, jornalismo e coração,
Carlos Archanjo

P.S.: Acho que sou o doce mais amargo e azedo que esta criança já provou, mas acredito que meu gosto é suficientemente marcante e nele deve haver algum sabor especial para que você continue a gostar de mim.

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