sexta-feira, março 30, 2012

Extração

Pare e observe o que está para acontecer, observe o que você fez à mim, observe o que você está prestes a fazer a ti própria.
Estás prestes a amar um homem condenado à solidão, a amar um homem cujos sentimentos são devaneios, profundos e incompreensíveis, apenas para serem sentidos.
Quebrastes uma, das, infindáveis camadas de gelo sólido, rígido e resistente ao calor e fogo do amor e da paixão de uma forma que ainda não sei explicar, sequer compreendo.
Além de minhas fronteiras e limites, você foi ao âmago do meu ser buscar um quê de "humano" em mim que mesmo eu não sabia de sua existência.
Invasivo, doce, sutil e meigo é teu modo de ser, teu jeito de agir. Como me permiti apaixonar novamente?
E como disse Caio Fernando Abreu: Não, meu bem, não adianta bancar o distante: lá vem o amor nos dilacerar de novo.

segunda-feira, março 19, 2012

Abraços

Pois, que venha então à mim seus vívidos olhos e lábios repletos de paixão, ainda estarei à sua espera quando o dia acabar, pronto para te receber em meus braços com todo o meu carinho e meu calor.
Permita que meu coração clame por sua presença nas noites chuvosas e frias do Rio de Janeiro e que nossas distantes peles frias contemplem a saudade, ainda estarei esperando seu prometido abraço que me fará sentir algo para o mundo, para alguém.
Deixe que a distância doa de verdade, que o silêncio de nossas bocas enlouqueça nossos lábios separados por um vazio e que nisso a vontade queime, pois um dia valerá a pena.
Mas, até que este dia chegue ainda haverá angústia no meu coração, pois sei que ainda estarei sozinho ao fim do dia.
Eu ainda serei seu?

De quê interessa?

Como pode um sentimento ser tão insistente? Quando acredito me livrar do amor, ele se insere em minha vida de uma nova forma.
Tornei-me alguém de mente fria, me isentei de sentimentos ligados à ele para não mais vê-lo em minha vida. O quão cruel o amor pode ser?
Ainda assim ele encontra novas formas de interferir. Sejam em amizades, ou família, ou alguma forma absurda que me faça sentir idiota, humilhado e passado para trás.
Neste caso, esquecerei do meu humano e em mim não deve mais haver carinho, atenção ou cuidado e eu, mais uma vez, serei mutante, pois já não fugirei do amor, irei matá-lo e torturá-lo como tantas vezes ele fez comigo.
E com a sede de sangue que estou, é melhor que ele fuja de mim.

terça-feira, março 06, 2012

A queda de um anjo

Há dias em que me sinto mal, outros nostalgico. Hoje me conveio lembrar o passado, sempre tão doloroso e ríspido.
Houve um tempo em que eu daria a minha vida por você, e por vida entenda que me refiro a algo maior que eu.
Minha vida, isto é, meu corpo, meu amor, minha alma e até mesmo minha árdua e queimante paixão e, por mais absurdo que soe, minhas asas te envolveriam e seriam doces as horas em que passaríamos juntos.
Mas esse tempo ficou no passado e saliento dizer que não foi por amor próprio e sim por ódio próprio e que por isso castiguei e castigo meu corpo, assassinei meu amor, atirei minha alma às trevas e a paixão só existe para quem me vê, mas não passa de mera ilusão.
Quando às minhas asas, eu as queimei e as arranquei em seguida para não cair em tentação de proteger ou afagar mais ninguém.
O tempo parou para mim numa hora de amargura e já não tenho nada a oferecer a ninguém a não ser frieza e sinceridade.

domingo, março 04, 2012

sexta-feira, março 02, 2012

Rio de Lágrimas

Ora se já não sou eu mesmo a me pegar pensando na vida e em meus problemas, a cada dia vou perdendo a capacidade de mergulhar em meu doloroso mundinho de ilusões e esperanças.
A cada dia passo a crer que a tendência seja me afastar mais e mais do meu mundo de imaturidades, se antes eu vivia a fantasiar o amor e sentimentos que eu desejava conhecer, hoje só me vejo discutindo comigo mesmo sobre mim, minha solidão e meus problemas.
Admito que sinto falta do sabor doce desses outros momentos e que lamento tanto ter desejado estar onde hoje estou. Se ao invés de tanto pensar sobre eu tivesse vivido mais, talvez o lamento me bastasse.
Em meio a tanto que escrevo e xícaras de café, me vem a nostalgia à cabeça como uma forma cruel de reviver tempos que jamais voltarão. São em momentos como esse que permaneço calado, pois minha voz pesa e minha pronúncia é dolorida; O café me ajuda a não sonhar novamente com momentos tão inesquecíveis.
Já me preocupei tanto que temo ter deixado para viver tarde demais e ter deixado passar momentos, pessoas e oportunidades que provavelmente deveriam ter mais importância em minha vida hoje.